Gêmeos e Múltiplos
Por Tati Souza
Um portal criado para a maternidade de gêmeos e múltiplos.
Feito com muito carinho para você e sua família! Sejam bem vindos!
Maio de 2019
Daniela Santos e a gravidez com a STFF
Por Daniela Santos
Olá me chamo Daniela e vim contar a história da minha gravidez gemelar. As minhas gêmeas tiveram TRANSFUSAO FETO FETAL e o feto 2 teve restrição seletiva de crescimento nível 3. Fui acompanhada pelo DR FABIO PERALTA e no fim deu tudo certo. As bebês nasceram de 36 semanas uma com 1kg e outra com 2.730kg.
No dia das mães de 2016 recebi a melhor notícia da minha vida, descobri que estava grávida. Tenho síndrome de ovário policístico e minhas chances de engravidar são mais baixas em relação a outras mulheres. Foi uma surpresa muito grande, afinal não estava planejando. Com 10 semanas tive uma surpresa maior ainda, era gêmeos, uma gestação gemelar monocoriônica-monoamniótica (mesma placenta e mesma bolsa) na hora que recebi a notícia minha reação foi de extremo espanto, demorou para acreditar rsrs. Tudo foi acontecendo muito rápido, com 12 semanas descobri o sexo delas, e a médica viu uma fina membrana separando as 2 (gestação gemelar mono-di) estavam na mesma placenta mais cada uma em uma bolsa. No ultrassom seguinte começou minha angústia, pois minhas meninas estavam apresentando diferença no peso. Minha médica reagendou a ultrassom para dali 15 dias, e na outra ultrassom a diferença tinha aumentado. Estava com 21 semanas de gestação e a Luana (feto 1) estava pesando 460 gramas e a Ashley (feto 2) estava com 306 gramas. No ultrassom seguinte a Luana estava com 553 gramas e a Ashley 328 gramas. Começamos a procurar especialista fetal, e encontramos o Dr Bruno de Curitiba, e o Dr Fábio Peralta. Estávamos sem dinheiro para fazer o acompanhamento com eles, mas Deus foi tão misericordioso que os dois estraram em contato comigo (os próprios médicos) e me ofereceram acompanhamento gratuito. Fui para São Paulo para fazer acompanhamento na clínica do Dr Fábio Peralta. A minha ultrassom foi realizada pelo Dr Luiz Carlos Watanabe, um médico maravilhoso. Eu já estava com 25 semanas e 6 dias de gestação e a discordância tinha aumentado ainda mais, a Luana estava com 977 gramas e a Ashley com 472 gramas, o líquido amniótico da bolsa da Ashley estava reduzido, e foi diagnosticado que a Ashley tinha restrição seletiva de crescimento nível 3, transfusão feto fetal, e o fluxo sanguíneo dela era muito fraco.
O Dr Luiz saiu da sala, ligou para o Dr Fabio explicando meu caso e pedindo uma opinião, ele voltou para sala e nos disse que teríamos que realizar uma cirurgia para obstruir uma artéria, mas tinha um porém se realizássemos essa cirurgia iria sacrificar a Ashley (feto 2 ), e se não realizássemos iria perder as 2 bebês, pois a Ashley era muito instável e iria falecer a qualquer momento levando assim a Luana também a óbito, iria faltar oxigênio para ela ( já tínhamos consultado com outro médico que queria realizar essa cirurgia, mas sem falar dos riscos) A resposta foi imediata que não iríamos fazer a cirurgia, estava nas mãos de Deus, ele concordou com nossa decisão e explicou que as chances da Ashley nascer com problemas era muito grande, eles nos deram todas as ultrassons que eram semanais. Fui embora dali destruída mas com muita fé pois elas eram promessas de Deus em minha vida. Nas semanas seguintes foi o Dr Fabio Peralta quem fazia as ultrassons e com 27 semanas de gestação a Luana estava com 1.161 gramas e a Ashley com 474 gramas, que ganhava 2 gramas por semana (quando ganhava).
As semanas iam passando e os médicos se admiravam de como a Ashley lutava para viver, eu fazia acompanhamento no AME em Itu e em SP com o Dr Fabio. Com 32 semanas a Luana estava com 2.231 Kg e a Ashley apenas com 938 gramas. Enfim elas nasceram com 36 semanas de gestação, a Luana com 2,740 gramas e a Ashley com 1.140 gramas
Não pude ver elas assim que nasceram pois a Luana tinha engolido sujeira e foi direto para observação e a Ashley direto para UTI. Vi a Luana depois de algumas horas estava bem saudável e a Ashley só a vi quando passou a anestesia. O pai das meninas ficou com a Luana no quarto e eu segui sozinha aquele longo caminho até a UTI. Quando você entra naquele lugar, o coração aperta, as mãos gelam, a angústia e o medo são inevitáveis, nenhuma mãe está preparada para aquele lugar. Quando vi minha filha dentro daquele vidro eu só podendo tocá-la, era minha mas eu não podia pegar ela em meus braços, era tão frágil media apenas 36cm e agora pesava apenas 900 gramas; Não podia ver seu rosto, pois estava todo coberto por conta do banho de luz, ligada a vários aparelhos que não paravam de apitar, era ensurdecedor o barulho daqueles aparelhos, e meu medo de perde-la só aumentava. Sai dali em prantos, mas antes de chegar no quarto enxuguei minhas lágrimas, pois ali estava minha outra filha que também precisava de mim.
Passou alguns minutos e chegou meu almoço e quando comecei a comer vi que algo estava errado, fui escovar os dentes e não conseguia segurar a água em minha boca, olhei para o espelho e meu rosto estava todo torto, dali a alguns segundos não conseguia mais piscar com o olho direito e nem tinha controle sobre esse lado da face, na hora percebi que tinha uma paralisia facial. Todos que passavam pela porta do meu quarto se assustavam quando me viam, veio enfermeiros, médicos e neuro me atender, suspeitaram de um avc mas logo viram que era a paralisia de beel (uma paralisia do nervo facial), que ocorreu devido ao choque de ter visto a Ashley na UTI. O choque e a paralisia, nesta foto eu não estou sorrindo, é o grau fortíssimo da paralisia, o tampão no olho era para não queimar a retina, pois o olho não piscava.
Minha pressão que era 12 chegou a 18. Comecei a tomar corticoides para desinflamar o nervo da face, com autorização do pediatra, eu e a Luana recebemos alta no terceiro dia, eu estava imensa por conta do corticoide, com um tampão no olho, e proibida de entrar na UTI pelo meu estado (além da paralisia, estava com um nódulo de ar em cima da cirurgia, o que impediu até de fazer os curativos, tinha que fazer compressa de gelo e fazer massagens para vazar e não abrir os pontos). Mas nada daquilo me importava, nem meu rosto deformado nem a cirurgia que doía muito, minha maior dor era deixar a Ashley no hospital. Fui em todas as visitas, só não falava com os médicos, o pai delas subia falava com os médicos depois eu ia ver ela. A Ashley teve infecção hospitalar (os médicos falavam que ela não aguentaria uma infecção por ser muito pequena e frágil) ,a moleira dela era maior que o normal, desconfiavam que ela tinha hidrocefalia, pois sua cabeça era grande, esperaram ela atingir um certo peso e levaram ela para fazer tomografia, e para honra e glória de Deus ela não tinha nada, a cabeça era grande pela desnutrição. Eu peguei ela no colo a primeira vez depois de 23 dias de nascida, ela não tinha 1,200 gramas ainda e amamentei ela depois de 30 dias. Deus ouviu minhas preces, eu não aguentava mais ver minha filha naquele lugar, ficar longe dela. Com muita oração a Ashley começou a evoluir muito rápido, graças a Deus. Ela saiu da UTI com 47 dias com 1.935 gramas, ela era muito esperta e seus exames estavam bem. Deram alta para não ter risco de contrair outra infecção.
A evolução delas e meu rosto voltou ao normal depois que ela chegou em casa. Depois que ela saiu da UTI meu rosto voltou ao normal, e elas hoje estão com 2 anos e 4 meses, super saudáveis e sem nenhuma sequela. Elas andaram com 1ano e 2 dias. São super espertas falam de tudo, e já saíram da fralda. Para alegria da mamãe.
Certa vez um médico me disse que a medicina não sabe explicar o porquê da Ashley estar viva, mas eu sei, elas são um milagre de Deus.
Por Daniela Santos
SÍNDROME DE TRANSFUSÃO
FETO-FETAL
Síndrome da Transfusão Feto-Fetal é uma complicação que pode ocorrer nas gestações de gêmeos quando os dois fetos (bebês) estão dividindo a mesma placenta porém estão em bolsas diferentes (são as chamadas gestações monocoriônica e diamniótica) Ou gravidez de gêmeos idênticos como costumamos dizer. A Síndrome da Transfusão Feto-Fetal ocorre em aproximadamente 5 a 20% das gestações monocoriônicas (uma placenta).
Leia mais sobre a síndrome de transfusão feto fetal